Modelo marcou presença nos desfiles de Paris e Milão Fasion Week
Gilberto Júnior

Tida como a última grande invenção da indústria da moda dos anos 1960, apesar de opositores de peso como Coco Chanel, a minissaia, cuja autoria é creditada à estilista britânica Mary Quant, é o símbolo do verão 2022. Onipresente nas passarelas do Hemisfério Norte, a peça ganhou as mais variadas interpretações. Donatella Versace apresentou o look em blocos, incrementando a produção com os icônicos alfinetes da casa. Em sua parceria com a Fendi, conhecida como Fendace, a designer mostrou uma opção mais ostensiva da tendência.
Na Dior, Maria Grazia Chiuri seguiu por um caminho pautado pelo trabalho manual. Já Miuccia Prada veio com duas propostas: na Prada, caudas para tirar o visual da monotonia; na Miu Miu, cintura baixa com top cropped. Enquanto isso na Chanel, Virginie Viard revirou os arquivos da tradicional maison e resgatou os anos 1990, trazendo à tona tailleurs elegantes.

“O espírito do tempo define o espírito da moda”, observa a pesquisadora Paula Acioli. “Depois de um longo período de confinamento, nos comunicando apenas remotamente, sem chances de grandes ousadias, nada mais natural que o enorme desejo de expor o que por tanto tempo ficou ‘escondido’. O retorno da minissaia, considerada uma revolução na moda feminina, chega num momento igualmente revolucionário de reinvenção da indústria e da sociedade.”
Para a stylist Manu Carvalho, o look da vez é um contraponto ao comprimento mídi, hit há algumas estações. “Tem muito a ver com a vontade de extravasar e de se expor”, diz Manu.
Paula acrescenta que o retorno triunfal da peça também está ligado ao interesse das novas gerações pelo passado: “Essa volta se dá num instante no qual as mulheres não necessitam mais lutar por afirmação. Já queimaram sutiãs, decidiram ficar grisalhas e se comportarem como lhes convier”.
